ESPAÇO DO LEITOR: “NO REINO DAS MURIÇOCAS” | |
![]()
As últimas gerações vêm convivendo com a
presença incômoda destes insetos, que nos tiram o direito sagrado ao
sono reparador, dificultam o bate-papo em família, a leitura, o acesso à
internet e outras atividades de lazer ou de trabalho. O tempo
prolongado de convivência com essas espécies, que nos atormentam, faz-me
lembrar de outro fenômeno: a convivência com a seca do semiárido
nordestino, onde estamos localizados.
Já não se usa mais o termo combate à
seca, tendo se chegado à conclusão de que o fenômeno natural não é algo a
ser combatido, pois invencível. Fala-se em convivência com o semiárido,
através de vários mecanismos de ordem técnica, educacional, de
planejamento e investimentos governamentais, para o enfrentamento das
longas estiagens. As muriçocas estão se tornando eternas em Juazeiro,
estão incorporadas de forma permanente ao nosso cotidiano, fazem parte
das nossas vidas. Outro dia ouví duas senhoras conversando: _ mulher, na
sua casa não tem muriçoca? , ao que a outra respondeu: muriçoca, não,
lá em casa tem muito é SBP e baygon.” As ditas espécies estão se
tornando cada vez mais resistentes às ultimas gerações de repelentes e
inseticidas, que trazem severos danos à saúde. Pergunta-se: assim como
em relação à seca e sua indústria de enriquecer os “coronéis” de ontem e
os de hoje e de alimentar os carros-pipas, as muriçocas estão aí para
serem combatidas, eliminadas, ou as mesmas estão reagindo a alguma
desordem ambiental?
Não me atrevo a entrar nesse mérito, até
para evitar falar bobagens ou o que não sei. Temos falado bastante em
combater à cultura do improviso, que vem caracterizando Juazeiro ao
longo de sua história. Temos falado em interagir com o conhecimento
multi e interdisciplinar, em buscar em quem sabe o que não sabemos e que
nos possa ser últil na melhoria de nossa qualidade de vida.
Temos falado que temos instalado no
bi-pólo Juazeiro-Petrolina mais de cinquenta cursos universitários.
Temos falado que a Universidade do Estado da Bahia-UNEB, Campus
Juazeiro, através de um de seus mais qualificados e proeminentes
pesquisadores, já se manifestou publicamente por diversas oportunidades
sobre o ciclo de reprodução das muriçocas e como exercer um controle
natural e sustentável sobre as mesmas. Lembro-me de que há vários anos
atrás, no auge de uma crise insuportável de convivência com as
muriçocas, de forma empírica e sem um estudo adequado e correto, usando
óleo queimado, a população de Juazeiro mobilizou-se no combate ao
inseto.
Vivemos um bom período de trégua, mas
depois elas voltaram e se estabeleceram de forma absoluta e hoje somos
súditos, para não dizer escravos, do “Reino das Muriçocas”. O que
ficou de legado daquela campanha foi a união de toda a população em
torno de um mesmo objetivo, foi o nosso raro momento de consenso e
convergência de interesses. Finalizo, dizendo: nada tenho contra as
muriçocas, desde que elas não nos incomodem tanto, vivam a vida delas e
deixem que vivamos a nossa...!!!
Jaime Badeca Filho
Advogado, escritor e politico
|
Fale conôsco:Email: a-voz-da-caatinga@hotmail.com/ CURSO DE FORMAÇÃO POLITICA. ESTUDAR ORGANIZAR E CRIAR O PODER POPULAR.. Saiba tudo: Leia: A VOZ DA CAATINGA O Milagre da noticias. Acesse Aqui: http://carlossena210.blogspot.com/
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
MURIÇOCAS DE JUAZEIRO DA BAHIA ATACA BURGUESIA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário