EMAIL: Enviado a nossa Redação Pelo Palácio do Planalto acusa: Marcelo Rubens Paiva: Roger é um ultraje! A rigor
Por Davis Sena FILHO
O Roger é o típico idiota com arroubos de coxinha. |
Eu
não sei por que a maioria dos veículos de comunicação de negócios
privados dá tanta ênfase e atenção a pessoas que não têm influência
política e social quase que nenhuma junto ao povo brasileiro. Cidadãos
que, certamente, não acompanham as sandices e insanidades, as peripécias
e gaiatices de gente deslumbrada, egocêntrica e mequetrefe, a exemplo
de Roger Moreira, Lobão e outros, que, recorrentemente, usam diferentes
mídias como forma de aparecer para evitar sumir, definitivamente, do
mapa da fama conquistado por eles na década de 1980.
Com
o passar do tempo, e agora na casa dos 50 anos, vocalistas, artistas,
músicos ou roqueiros, seja o que for, resolveram abraçar causas
conservadoras, muito à direita do espectro ideológico e além da
imaginação deles próprios quando alcançaram grande prestígio na época de
seus vinte e poucos anos e que praticamente se esvaiu com o decorrer do
tempo. É de se entranhar, por exemplo, e por mais que o vocalista do
Ultraje a Rigor, Roger Moreira, tenha se sentido ofendido, não é
racional e muito menos educado responder com tanta virulência e até
mesmo perversidade às palavras que o escritor Marcelo Rubens Paiva disse
sobre o roqueiro em recente evento da Flip, na cidade de Paraty (RJ).
O
escritor disse que lamentava saber que muitas pessoas não tinham
conhecimento sobre o que aconteceu nos tempos da ditadura. O assunto da
mesa de debates da qual participava Marcelo Rubens Paiva era sobre os 50
anos da ditadura militar. Paiva apenas citou Roger, porque tal artista
tem, por livre e espontânea vontade, participado, reiteradamente, de
polêmicas e de discussões duras contra seus opositores de pensamento
político nas redes sociais e até em eventos em que ele participou de
corpo presente. Só isso e nada mais. Até creio que o escritor e
jornalista Marcelo Rubens Paiva não tem tempo para ter ódios, mágoas e
rancores contra pessoas como o roqueiro que, a meu ver, conseguiu chegar
às raias da ignorância e da pura e genuína cretinice e falta de
respeito com o semelhante.
Não
conheço pessoalmente o Marcelo Rubens Paiva, mas me coloco no lugar
dele e de sua família, no que diz respeito à morte e ao desaparecimento
de seu pai, o engenheiro e político trabalhista, Rubens Paiva, que,
desde cedo, optou por ficar ao lado do povo brasileiro, dos
trabalhadores e dos interesses do Brasil. Rubens Paiva, ainda aluno, foi
vice-presidente da UNE, em São Paulo. Político do combativo PTB de
Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, Paiva participou, como
deputado federal, da CPI do Ipes-Ibad, antros ou covis de golpistas da
época financiados pela direita estadunidense e brasileira para
escreverem, darem palestras e opiniões nos meios de comunicação privados
sobre o perigo de o Brasil se tornar comunista ou socialista. Seria
cômico se não fosse trágico. E ainda tem gente, em pleno ano de 2014 do
século XXI, que enxerga o PT como “perigo vermelho”. Haja paciência...
Paiva
era atuante e corajoso. Em discurso na Rádio Nacional, enquanto Jango
era deposto, criticou duramente as ações do governador paulista, Adhemar
de Barros, por ele ter apoiado e participado efetivamente do golpe
militar de 1964. A verdade é que as atividades de seu mandato popular
fizeram com que o deputado Rubens Paiva se tornasse um cidadão
brasileiro espionado, investigado e monitorado pelos agentes de uma
ditadura sanguinária e de extrema direita. Tanto é verdade que o
político trabalhista teve de ir para o exílio, pois cassado pelo AI-1
editado pela junta militar, em abril de 1964. Rubens Paiva estava entre
os primeiros políticos que foram cassados e logo foi para a Iugoslávia e
depois para a França.
Retornou
ao Brasil. Evidentemente, o parlamentar cassado retomou seus contatos
políticos, sendo que em janeiro de 1971 sua casa foi invadida. Rubens
Paiva foi levado para um quartel, no Rio de Janeiro, onde foi
barbaramente torturado e, posteriormente, assassinado pelo estado
ditatorial. Após 40 anos, ou seja, quatro longas décadas, sua família
pôde, enfim, saber de seu paradeiro, mas sem poder recuperar seus restos
mortais para lhe dar um funeral e sepultamento dignos de homem que
sempre pensou no Brasil e no seu povo.
De
acordo com os depoimentos de agentes da repressão à Comissão da
Verdade, Rubens Paiva foi enterrado durante dois anos em vários lugares,
para, finalmente, seus restos mortais serem jogados nos mares do Rio de
Janeiro, em 1973. Até, então, sua família não sabia o que realmente
teria acontecido com seu corpo. Contudo, o político trabalhista tem um
lugar de destaque na história recente deste País. Rubens Paiva, das
pessoas mortas e desaparecidas vítimas da ditadura, talvez seja uma das
que mais foram investigadas, porque seu “sumiço” chamou a atenção da
sociedade civil organizada, tanto do Brasil quanto do exterior. Afinal,
ele era um deputado muito combativo, determinado e conhecido, que nunca
tergiversou quanto aos seus propósitos políticos e ao desejo de ver o
Brasil se tornar desenvolvido e solidário. Um País que ele e tantos
outros brasileiros perseguidos pela ditadura sempre sonharam em
edificar. Isto é fato.
Todavia,
de repente, o roqueiro neocon, Roger Moreira, no alto de sua arrogância
e ignorância política e histórica, vai às redes sociais e faz
assertivas grosseiras e sem pé nem cabeça. Elabora frases e pensamentos
desconcatenados da realidade em que vivemos e parte simplesmente para a
agressão verbal, o que reflete todo seu ódio, porque não aceita o
contraditório e tem dificuldade para compreender que existem pensamentos
e valores antagônicos aos seus, se algum dia Roger Moreira elaborou
algum pensamento que, de fato, seja considerado e levado a sério como
tal.
O
roqueiro disse ao Marcelo Rubens Paiva verdadeiras “pérolas” de
insensatez e ofensas gratuitas, que realmente o transformam em um
pensador ou observador simplório, o que é muito diferente de ser uma
pessoa simples, mas sábia. Aliás, os sábios são simples. Porém, o
simplório, ainda mais quando da condição social e econômica do Roger,
não passa de um ser de inteligência diminuta e de percepção quase nula
sobre as realidades que lhes rodeiam. E repercutiu tal roqueiro, suas
aleivosias e traquinagens: “É compreensível que você considere o
comunismo legal. Mas daí a me usar de exemplo na Flip foi canalha de sua
parte. E errado”, afirmou Roger, em seu twitter. E completou suas palavras coléricas, a demonstrar nenhum respeito pelo escritor e conhecimento de história: “E tem mais, seu bosta: minha família não foi perseguida pela ditadura. Porque não estava fazendo merda”.
Como
pode um coxinha, um burguesinho da estirpe do Roger não ter quaisquer
noções sobre o Brasil da época da ditadura, principalmente a partir da
edição do AI-5. Qual é o problema dele? Nasceu ontem? O que tem de mais
um jornalista e escritor, a exemplo de Marcelo Rubens Paiva, afirmar, em
uma mesa de debates durante a Flip, que não espera que as pessoas,
principalmente as mais jovens, saibam sobre a ditadura militar, até
porque gente como o roqueiro Roger Moreira, que escrevia letras de
músicas que questionavam a ditadura militar, bem como apoiava o
movimento das Diretas Já, em 1984, e atualmente faz parte das hostes
conservadoras, bem como faz questão de se mostrar há anos uma pessoa de
direita, o que é um direito seu, inalienável, porém, objeto de
críticas.
Afinal,
Roger tem passado e muita gente de sua geração deve estar a estranhar
suas opiniões agressivas, intolerantes e desrespeitosas. Ponto! Roger
tem o direito de falar o que quiser. Entretanto, o líder do Ultraje a
Rigor sabe que quem fala o quer ouve também o que não quer — conforme
reza o ditado popular. É assim que funciona a sociedade. Nada justifica
as palavras ensandecidas de Roger publicadas no seu twitter quanto à
família de Rubens Paiva ao fazer uma comparação com a dele repleta de
infelicidade e perversidade. É muita insensatez e burrice em uma pessoa
só. Roger não perdeu o bonde da história, porque não a conhece. Marcelo
Rubens Paiva: Roger, na verdade, é um ultraje! A rigor. É isso aí.
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