Em comemoração ao Ano Santo, com programação nesta quinta (21) em Petrolina, o padre Francisco José Pereira Cavalcante fez um artigo analisando a importância da construção da Catedral de Petrolina, que está completando 85 anos e que influenciou social e economicamente a cidade e se tornou um marco no desenvolvimento do município – atualmente com mais de 300 mil habitantes. Confiram:
O Bispo de Diocese de Petrolina D. Manoel dos Reis Farias, há um ano convidou os petrolinenses a celebrar os 90 anos de construção de sua Catedral, no interior de um Ano Santo. O Bispo convidou os católicos, mas também os não católicos, porque a construção da Catedral da cidade é um marco no desenvolvimento da cidade, dizia um dos grandes bispos da cidade, D. Gerardo Andrade Ponte.
E a história confirma. A presença da Catedral moldou a psicologia dos petrolinenses. Esta afirmação considera aquilo que a ciência afirma, isto é, que a uma ação segue-se uma reação. A construção da Catedral, assim como a toda ação de D. Malan, em Petrolina, mudou os destinos da cidade.
Quando o primeiro bispo afirmou: “Vamos construir a Casa de Deus e o resto virá por acréscimo”, ele expôs o que aprendeu e experimentou em toda sua vida, ou seja, que a construção de um templo belo e grandioso atrairia as bênçãos de Deus, mas também mudaria a mentalidade da cidade e de suas vizinhanças.
D. Malan como seu pai espiritual, D. Bosco, eram homens de Deus, mas que acreditavam no poder transformador da educação. A ação de construir um templo de grande porte e beleza, numa cidade de apenas três mil habitantes, foi um ato de fé e educativo, entre outros. Construindo a catedral, a fé de D. Malan mudou e continua mudando a mentalidade dos petrolinenses e dos sertanejos visitantes da cidade.
O orgulho do petrolinenses em ter uma Catedral com ares internacionais de arte, beleza, grandeza, inspirou e ampliou a visão e ação das pessoas, mas de modo especial dos políticos que vieram após a construção. Estes e muitos dos que o seguiram banhados pelo testemunho, crescidos, formados e educados à sombra da beleza que é a Catedral, aprenderam a se orgulhar da cidade que tinham. Por isso trabalharam para não perder essa satisfação, antes, para aumentá-la.
Mas a construção do templo começou a mudar Petrolina desde os primeiros instantes, provocando o seu crescimento e impregnando-lhe de valor, de qualidade. A construção, que durou, cerca de cinco anos (1925-15.08.1929), exigiu mudanças na organização urbana da cidade. O centro da cidade perder a cara de comunidade rural que tinha e teve reorganizadas as ruas do centro, demolindo prédios, construindo uma avenida, construindo novas edificações (palácio episcopal, residências próximas ao palacinho, coreto), atraindo trabalhadores de diversas partes do sertão e de outras partes do Brasil.
A construção lançou o nome de Petrolina no cenário internacional. As imagens do lançamento da pedra fundamental foram transformadas em postal e circularam o mundo. A edificação do templo plantou obras de arte de alto valor artístico num sertão esquecido e desconhecido (por exemplo 55 vitrais fabricados por artistas franceses de renome internacional).
Até onde sabemos, a construção influenciou a vida de povoados e cidades da Diocese. Inspiradas na Catedral, foram construídos templos menores em tantas localidades dos sertões pernambucanos (Araripina, Santa Cruz da Venerada, Morais, Barra de S. Pedro) e em outros Estados (Picos-PI).
Na atualidade, a Catedral está cercada de imensos prédios, mas não é apenas o segundo templo de Petrolina. Em certos aspectos, a ‘professora’ foi superada, porque ensinou bem e os alunos aprenderam. Um dos prédios mais recentes, mais altos, modernos da cidade homenageia o templo inspirador com uma decoração e marco ogival.
Mas esses prédios raramente conseguem captar a atenção para si, são mais vistos em seu conjunto. Suas belezas perdem-se no interior da floresta de edifícios que se ergue, conferindo à cidade ares modernos e progressistas. Pelo contrário, os olhares param na quase centenária professora.
É à ela, Catedral, que os admiradores da beleza (os artistas) e inúmeros turistas dão atenção. Como objeto da atenção turística, continua atraindo trabalho e, portanto, riqueza e desenvolvimento para gregos e troianos. É a beleza do velho templo que deixa boquiabertos os cidadãos petrolinenses e seus visitantes. Mas por que razão é assim?
A resposta procuramos refletindo sobre a afirmação de um escritor russo chamado Dostoievsky. Ele escreveu: “A beleza salvará o mundo!!!” Mas que beleza? A beleza como a da Catedral, aquela que atrai o olhar do ser humano, mas em seguida dirige-o para a beleza verdadeira, infinita, aquela que é a fonte criadora de toda beleza e que nós chamamos de Deus.
Padre Francisco José Pereira Cavalcante
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