quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Rio São Francisco passou de atração a canal de esgotos

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Cercado em uma margem pelos encanamentos que despejam esgoto sem tratamento da cidade de Buritizeiro, no Norte de Minas, e na outra pelos dejetos lançados em córregos vindos da vizinha Pirapora, o Rio São Francisco – maior atração das duas cidades – se tornou um fio d’água extremamente poluído. Hoje, o que já foi um importante posto pesqueiro se resume a um leito quase seco, que mais parece uma estrada de areia e pedras.
Não era para ser assim. Completam-se cinco anos da promessa feita pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, no lançamento da ETE de Buritizeiro, garantiu que o projeto não seria deixado pela metade e que a revitalização do Velho Chico seguiria no mesmo ritmo da transposição de águas do manancial para bacias do semiárido nordestino.
As obras de Buritizeiro foram orçadas em R$ 12,5 milhões e incluíam a implantação de 100 quilômetros de redes coletoras e a construção da ETE, mas estão paradas desde abril de 2010. Foram abandonadas pela vencedora da licitação, uma empreiteira do Paraná. O presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Codema) de Buritizeiro, Gustavo Lino Mendonça, afirma que, em vez de começar pela construção da ETE, a construtora iniciou os trabalhos pela instalação de redes de esgoto na periferia da cidade, onde os serviços ficaram incompletos.
Assim, quem não despeja o esgoto direto no rio o faz indiretamente, pois moradores ainda têm de recorrer a fossas, que contaminam o solo e consequentemente, poluem o manancial por meio dos lençóis subterrâneos.
O assessor de Meio Ambiente da Prefeitura de Buritizeiro, Alisson Carvalho Lacerda, informa que a administração municipal encaminhou reivindicação à Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), que decidiu reformular o projeto e realizar nova licitação para a construção da ETE das redes de esgoto na cidade. A previsão é de que as obras sejam iniciadas em 2015. A tubulação que foi “jogada debaixo da terra” pela antiga empreiteira não será aproveitada.
Despoluição
Na outra margem do Velho Chico, no município de Pirapora, a poluição chega pelo córrego Entre Rios, que teve suas águas transformadas em um canal de esgoto ao ar livre. A estudante e balconista Ana Carolina dos Anjos, que trabalha em frente ao córrego, sonha com a despoluição do rio. “Deveriam instalar a rede de esgoto para evitar que os dejetos sejam jogados no córrego e depois caiam no São Francisco. No calor, o mau cheiro é insuportável, sem contar ratos, escorpiões, baratas e cobras que aparecem”, reclama Ana Carolina.
Em São Roque de Minas, cidade do Centro-Oeste do estado que abriga a nascente histórica do São Francisco, a ETE também não funciona, apesar de ter sido concluída no ano passado. (Fonte:Diário de PE)

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