Peixe sofre, em pouco tempo, mutação e evita sua extinção em rio poluído
Paloma Oliveto
Pesquisador mostra exemplar do Microgadus tomcod: mutação semelhante só havia sido observada em organismos menores, como insetos e bactérias |
O gene mutante, descrito em artigo da revista científica Science, tem como única função proteger o peixe dos efeitos letais da PCB, despejada aos montes no Hudson entre 1929 e 1976 por fábricas de suprimentos eletrônicos. Calcula-se que o total do produto tóxico lançado ao rio tenha chegado a 600t, até a prática ser proibida. De acordo com os pesquisadores, o tomcod precisou “agir” imediatamente. “Descobrimos que a mutação aconteceu muito rapidamente, e apenas um gene foi responsável por ela”, disse ao Correio o geneticista populacional Isaac Wirgin, professor de medicina ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York. “Não existem muitos exemplos como esse na literatura científica”, afirma.
Há tempos os cientistas tentavam entender os mecanismos biológicos que permitiram a sobrevivência do tomcod. Medindo cerca de 25cm na fase adulta, o peixe, que não é normalmente usado na culinária, precisa viver sob níveis altos de poluição. Wirgin diz que a toxicidade no pulmão do animal é uma das mais altas já registradas e que outros peixes não sobreviveriam à alta exposição à PCB, que é cancerígena.
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