Por Raul Monteiro
O primeiro a ser informado de que a bancada governista estava indócil com os indícios de que teria pouca participação na nova estrutura administrativa do governo foi o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Marcelo Nilo (PDT). Nilo almoçava no Salvador Shopping por volta das 14h30, quando sua secretária ligou para ele informando que naquela hora mais de 20 parlamentares se avolumavam, impacientes, em seu gabinete, à sua espera.
A funcionária da Assembleia não informou o motivo da movimentação nem precisava. Àquela altura, o presidente da Assembleia já tinha recebido mais de uma dezena de telefonemas de deputados da base, demonstrando toda a sua insatisfação com a reforma de Wagner. Em determinada momento, até os dois assessores que almoçavam com Nilo tiveram que socorrê-lo no atendimento aos colegas de base do parlamentar.
O presidente da Assembleia deixava o Shopping apressado, pressionado pelos pedidos para que se reunisse imediatamente com os “revoltosos”, quando avistou o deputado federal Nelson Pelegrino (PT), que almoçava calmamente, também com assessores, num restaurante próximo. Nilo dirigiu-se a ele de forma direta: “Rapaz, voces precisam me ajudar”, apelou o pedetista, numa alusão direta à rebelião que estava para enfrentar em seu gabinete.
Era também um sinal de que o circo que se armava no Legislativo contra o governo já era do conhecimento de outros setores do PT. “Vamos conversar, vamos conversar”, respondeu Pelegrino, enquanto Nilo retomava seu caminho em direção à Assembleia. Em seu gabinete, o presidente encontraria um grupo visivelmente agastado que, sem atender aos seus apelos, faria valer seu protesto em seguida, ao ausentar-se deliberdamente da Casa para não dar o quórum necessário à aprovação do pedido de urgência que permitiria a votação do projeto na semana que vem.
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