Cracolândia do sertão
O crack se alastra pelo sertão nordestino“O crack hoje faz parte do cotidiano do sertão”, afirma o capitão Marcondes Ferraz, da PM pernambucana, um dos chefes do combate ao tráfico de drogas na região de Petrolina .
Habituado ao combate ao tráfico nas roças da caatinga, o capitão admite que há uma forte preocupação com a distribuição do crack também nas pequenas cidades. Integrante do Gati (Grupo de Apoio Tático Itinerante), um grupo de elite da PM do estado, o militar explica que o 5º Batalhão de Petrolina, no qual chefia uma companhia, é hoje o segundo colocado no ranking das apreensões de drogas no Estado.
Perde somente para a delegacia especializada da área (Denarc), de Recife.
Para o sistema de segurança público, a malha hidro e rodoviária que envolve Petrolina, Juazeiro e outras cidades do Vale do São Francisco facilita a rápida extensão do fluxo da droga.
Petrolina está à beira do Rio São Francisco, ao lado da baiana Juazeiro – uma próspera região agrícola, com produção de frutas, cebola, abóbora, coco e uvas.
As águas do São Francisco irrigam um vale verde e servem de hidrovia. As duas cidades estão à beira da rodovia BR 407, que liga Sul/Sudeste à BR 116, os estados de Piauí e Maranhão pela BR 316, e o Ceará pela BR 020.
Esse conjunto de estradas tem funcionado como rota de tráfico para a cocaína que passa pelos centros distribuidores, como São Paulo. Droga e armas Segundo estatísticas da PM pernambucana, de janeiro a agosto foram apreendidas 773 pedras de crak, num total de mais de 2 quilos da droga.
Sob a jurisdição do capitão Marcondes estão também outras duas cidades, Dormentes (16 mil habitantes) e Afrânio (18 mil habitantes), nas quais também há registros da presença do crack.
“E onde há drogas, há armas”, acrescenta o policial. Nas operações antidrogas do primeiro semestre, o 5º Batalhão apreendeu 112 armas curtas, 102 armas longas, 61 armas brancas (facas, facões).
Foram recolhidos também quase 80 quilos de maconha e 13,3 quilos de cocaína em 174 papelotes. Um investigador de polícia, que trabalha em área ainda mais isolada, em pleno “polígono da maconha”, onde fica o município de Floresta, diz que o uso do crack nas comunidades pequenas não ocorre como em São Paulo, onde os dependentes vagam em turmas, consumindo a droga nas ruas. Com informações da Agência Estado.