sábado, 22 de outubro de 2011

Provocação: Presidente da República não gostou da declaração do chefe da CBF que colocou em dúvida a participação de Recife e Salvador na Copa das Confederações

Presidente Dilma se irrita com declarações de Ricardo Teixeira

Presidente da República não gostou da declaração do chefe da CBF que colocou em dúvida a participação de Recife e Salvador na Copa das Confederações


Nacho Doce/Reuters
Para o governo federal, Teixeira quis expor ao mundo a possibilidade de o Brasil não entregar dois estádios no prazo
A presidente Dilma Rousseff ficou profundamente irritada, ontem, com a atitude do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, durante o anúncio das sedes brasileiras na Copa das Confederações de 2013. Na cerimônia realizada em Zurique, na Suíça, onde fica a sede da Fifa, Teixeira confirmou que Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte receberiam o torneio que antecede a Copa do Mundo de 2014. E disse que Salvador e Recife podem ser incluídas nesse roteiro, mas somente caso consigam entregar seus estádios em tempo hábil — junho de 2012. Segundo apurou o Correio, a presidente considerou as palavras de Teixeira mais um ataque político com a “intenção de expor ao mundo” a possibilidade de o governo brasileiro não entregar os dois estádios no prazo determinado.

As duas arenas realmente estão com seus cronogramas atrasados. E não haveria problema para a Fifa e a CBF em deixar os jogos da Copa das Confederações concentrados em apenas quatro cidades. Ao estender a possibilidade para seis, desde que as obras fiquem prontas, a intenção seria mostrar que o mesmo governo que “bate o pé questionando a Lei Geral da Copa é incapaz de cumprir sua parte na realização dos jogos”, disse um assessor próximo à presidente Dilma.

A mesma situação ocorreu na decisão de excluir Porto Alegre como uma das possíveis sedes da Copa das Confederações. Na última sexta-feira, Dilma esteve na capital gaúcha para o lançamento do Brasil sem Miséria da Região Sul e a informação de que o Estádio Beira-Rio não ficaria pronto a tempo da Copa das Confederações estava estampada nos jornais. A presidente reuniu-se com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti (PDT), e o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), e ouviu que, de fato, não havia tempo hábil de concluir as obras.

A decisão estava tomada, mas tinha um lado estritamente técnico. Na véspera do anúncio da Fifa, contudo, assessores da CBF adiantaram a exclusão da cidade gaúcha da Copa das Confederações como uma “represália política à intransigência do governo brasileiro em relação à Lei Geral da Copa”.

A análise no Planalto é de que a tensão política entre CBF, Fifa e governo federal tende a se intensificar pelos próximos dias. Mas Dilma não está disposta a ceder, especialmente nas questões diretamente ligadas ao governo federal, como a meia-entrada para os idosos. “Uma hora, os dois lados têm de ceder. Não interessa para nós perder a Copa do Mundo e também não interessa à Fifa ter, nesse momento, de transferir o evento para outro país”, disse um interlocutor da presidente.

"Esquecidas" recebem quatro jogos
Quatro cidades acabaram sendo muito pouco valorizadas no anúncio do clandário da Copa do Mundo de 2014, ontem, em Zurique, na Suíça. Manaus, Cuiabá, Curitiba e Natal receberão apenas quatro partidas, sendo todas na primeira fase da competição. As sedes também estão fora da Copa das Confederações, em 2013.

Dessa forma, duas das principais regiões turísticas do Brasil, a Amazônia e o Pantanal, ficam em segundo plano no Mundial. Para Manaus, o resultado era esperado e a cidade já anunciou que vai cancelar o plano de aceleração das obras de sua arena. A cidade cogitava aumentar o ritmo de trabalho caso fosse incluída na Copa das Confederações. Como não foi, vai manter o prazo de entrega para junho de 2013.

“Sabíamos que a distância em que nos encontramos do eixo Rio-SP é muito grande, e os custos de uma viagem a Manaus não são baixos”, afirmou, ao Uol Esporte, o coordenador da UGP Copa (Unidade Gestora de Projetos da Copa), Miguel Capobiango. “Mas é claro que ficamos decepcionados. Por outro lado, teremos quatro jogos, o que é positivo. Em um dado momento, os mais pessimistas diziam que teríamos apenas dois ou três jogos”, afirmou.

Em Curitiba, porém, a decepção não foi escondida. “A Região Sul foi totalmente desprezada”, declarou o secretário municipal para Assuntos da Copa, Luiz de Carvalho, que na quarta-feira havia dito que não tinha dúvidas de que a cidade estaria na Copa das Confederações. Carvalho também planeja rever os prazos da conclusão das obras na Arena da Baixada, com o objetivo de reduzir os custos — atualmente previstos em R$ 180 milhões. 
Fonte: Paulo de Tarso Lyra

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