Jaques Wagner lança cortina de fumaça sobre sua lastimável gestão em segurança pública
Mesmo com o tom de empáfia com que se pronunciou sobre a greve da polícia, na noite dessa sexta-feira(03), o governador Jaques Wagner(PT) não consegue apagar do histórico de seu governo um fato óbvio: a segurança pública sempre foi lastimável sob sua gestão.
Poderíamos também falar da educação, sobretudo com relação ao modo desprezível e agressivo como tratou os professores nas vezes em que estes fizeram greve, em busca de negociação salarial e de condições de trabalho. Em especial, pode-se trazer à memória a primeira paralisação de educadores logo depois da vitória de Wagner para seu primeiro mandato.
O curioso é que a maioria dos que reivindicavam melhorias na educação era de sonhadores que tinham ido às urnas para “mudar a Bahia”, disposta a alterar o quadro político do Estado, que, há décadas, era o mesmo. Com aquela reação do governo, puderam ver que embora o governador fosse novo, as práticas de quem estava no poder eram, realmente, velhas.
E tem sido assim com relação às Polícias da Bahia.
Todo o país conhece os índices assustadores de violência vividos na Bahia, nos últimos anos.
Conhecem, também, o estado deplorável das condições de trabalho de policiais e bombeiros – falta de viaturas, de armamentos, de treinamentos- enfim; de dignidade para desenvolver a essencial função social a que foram destinados.
Em nenhum momento em que a Bahia precisou da imagem do governador na TV para falar dessas mazelas, Wagner teve coragem de aparecer. Mas precisou expor-se agora. Infelizmente, escolheu o caminho errado como líder: o ameaçador.
Ao invés de buscar consertar os erros do caminho e negociar com a Polícia, que realmente ganha muito aquém do que deveria por seu trabalho, o governador escolheu desqualificar os grevistas, chamando-os de “grupo de policiais usando métodos condenáveis, difundindo medo na população e que chegou a causar desordens em alguns pontos do estado”.
A frase “Parte dos crimes pode ser parte da própria operação montada. A tentativa de criar um clima de desespero para fazer a autoridade do governo do Estado sucumbir ao movimento” , proferida pelo governador, tornou-se o ápice do desrespeito a uma classe que, todos os dias, expõe a própria vida nos riscos da rua, para proteger a sociedade e que é muito mal paga para isso.
Em outro momento de sua fala, afirmou ainda que ”a PM do estado da Bahia, centenária milícia de bravos e defensora da paz, não pode permitir se transformar num instrumento de intimidação e desordem”.
O governador esqueceu essa “centenária milícia de bravos e defensora da paz”, quando era o momento de valorizar e estimular o trabalho dela.
Não condisse com a verdade o trecho proferido: “O governo sempre esteve aberto para negociação”.
Mas, ao final do inédito pronunciamento, Jaques Wagner deu pequenos sinais de coerência, ao admitir que ”Apesar de todos esses esforços (quando falou da compra de viaturas e a incorporação de mais homens ao efetivo policiai) , sei que ainda não estamos na situação ideal e vou continuar trabalhando, firmemente, para melhorar as condições de trabalho das polícias da Bahia”.
E para deixar claro o que pensa sobre a “defesa da democracia”, lembrou aos grevistas que também eram, naquele momento, telespectadores, que “12 prisões de grevistas” já haviam sido decretadas.
Mais uma vez, Jaques Wagner mostra braço de ferro ao lidar com o movimento que deu origem ao seu partido: a greve de classes.
Aprendeu com as lutas grevistas lideradas pelo PT a se tornar algoz de professores e policiais, atacando para se defender, lançando fumaça no contexto em que sempre foi muito vulnerável em sua gestão: a segurança pública e a educação.
Editorial – Por Vera Lúcia Medeiros