sábado, 2 de junho de 2012

Forró Pé de Serra da Caatinga: Especial Gonzagão: Centenário de Luiz Gonzaga é celebrado na Assembleia Legislativa


HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA - O REI DO BAIÃO

Especial Gonzagão: Centenário de Luiz Gonzaga é celebrado na Assembleia Legislativa

Ícone do forró, Rei do Baião lançou 56 discos e gravou cerca de 500 músicas

Carlos Eduardo Freitas

ESPECIAL GONZAGÃO

A inocência poético-positiva do nordestino, presente nas palavras e músicas de Gonzagão, pôde ser lembrada “ao vivo” personificada no sobrinho e herdeiro musical da “cultura gonzaguiana”, o músico Joquinha Gonzaga, presente na sessão especial que homenageou os 100 anos do ícone mundial do forró, Luiz Gonzaga, nesta sexta-feira, 1º de junho, na Assembleia Legislativa da Bahia.


O “forrozeiro mor” lançou 56 discos e gravou cerca de 500 músicas, uma delas, “Asa Branca”, que foi cantada por ícones do forró contemporâneo, como Adelmário Coelho, Targino Godim, Del Feliz, Val Macambira, Joquinha e mais dez sanfoneiros, na abertura da cerimônia. “Mais rapaz, a impressão que tenho, justamente no centenário de Luiz Gonzaga, é que a própria seca veio para festejar também”, disse o sobrinho de Gonzagão.

Chamado carinhosamente por várias alcunhas, como é próprio dos grandes ícones da música mundial – Gonzagão, Rei do Baião, Velho Lua... –, Luiz Gonzaga saiu de Exú, no sertão pernambucano, para “ganhar o mundo”, como contava ao sóbrio, e até hoje, 23 anos após sua morte, continua atual.


“Ele é reconhecido por crianças de outras gerações, que cantam suas músicas. É exemplo para compositores atuais, apesar de alguns fazerem algumas besteiras, comporem coisas erradas”, afirmou Joquinha – que possui uma curiosa semelhança física e musical com o tio.

Centenário e legado

“Como representante da família Gonzaga, fico feliz pelo que estão fazendo com Tio Gonzaga. São 100 anos de todos os gêneros musicais, não só o forró, pois ele deixou esse legado bonito, reconhecido, enriqueceu o forró, o baião, mas também a nossa cultura”, frisou o sobrinho mais velho do Rei do Baião.


O forrozeiro mais famoso da Bahia, Adelmário Coelho, foi além em sua reverência ao Velho Lua e se orgulha de ter gravado, este ano, um CD em tributo à Gonzagão, intitulado carinhosamente de “Abrindo o Baú de Luiz Gonzaga”. “Não somente os forrozeiros estão retribuindo de forma grandiosa o que Luiz Gonzaga fez por nossa música nordestina, nosso forró Pé de Serra, mas também todas as classes e entidades desse país”, disse.


Mas doutô uma esmola a um homem qui é são, Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão... Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage, Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage, Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage, Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage”, citando a música “Vozes da Seca”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, a proponente da homenagem, deputada estadual Luiza Maia (PT/BA), justificou sua iniciativa.

A música continua atual

“Velho Lua retrata o Nordeste com muita propriedade, mostrando a contemporaneidade de sua música, ele mostrava o problema da seca, mas já apontava a saída”, ressaltou a parlamentar.


“A maior festa popular da Bahia é o São João, não o carnaval, e o forró é a melhor música brasileira”, exaltou o deputado Marcelo Nilo, presidente da Assembleia Legislativa, ressaltando que Luiz Gonzaga é “patrimônio, não só de Exú, mas do mundo”.

Gonzagão “criou o Nordeste”

“A primeira coisa, sobre Luiz Gonzaga, é dizer da dimensão gigantesca e fabulosa da genialidade de uma pessoa que expressou tão bem a alma do nordeste, do povo nordestino, essa sintonia dele com o nordestino, suas alegrias e tristezas”, defendeu Albino Rubim, secretário da Cultura do Estado da Bahia.


Segundo ele, Gonzagão criou uma identidade icônica própria do Nordeste. Para Rubim, à época da ascensão de Luiz Gonzaga, o Brasil era dividido em “Sul e Sudeste” apenas: “Ele, assim como Jorge Amado ‘criou a Bahia’, ‘criou o Nordeste’”.

 
“Toda homenagem a Luiz é bem vinda, oportuna pelo centenário. Que daqui a 300 anos ele ainda seja lembrado pela obra que deixou. Todos nós, forrozeiros, temos que render graças a essa comemoração, toda homenagem é bem vinda e pouca para tudo que Luiz Gonzaga nos deixou”, diferenciou Del Feliz, um dos nomes da nova geração do forró nordestino.

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