A integração da Venezuela ao Mercosul e a punição ao Paraguai. Golpe é crime!
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| Venezuela: rica, populosa, membro da Opep e com um mercado em expansão |
“A
integração da Venezuela ao Mercosul é questão de segurança da América
do Sul, comercial e não ideológica”. A Venezuela, potência petrolífera,
deveria, urgentemente, agora, ter seu ingresso ao bloco econômico
aprovado, porque respeita o jogo democrático, fato este que,
inquestionavelmente, não aconteceu com o Paraguai, cujos líderes
golpistas representam uma elite latifundiária, atrasada, reacionária,
que atende aos interesses dos Estados Unidos, que querem o
enfraquecimento do Mercosul, da Unasul, bem como implantar bases
militares na tríplice fronteira entre o Brasil, o Paraguai e a
Argentina, em uma estratégia geopolítica perigosa à independência dos
países do continente e à autodeterminação de seus povos.
Dito isto, percebo, por meio da televisão, que Federico Franco, atual
presidente do Paraguai, mal assumiu o poder por intermédio de um golpe
(“parlamentar”) de estado e, de maneira arrogante e autoritária, falou
grosso, sem, no entanto, avaliar seu tamanho no que tange à economia
paraguaia, e seu apoio político no que é relativo à sua influência
junto aos líderes sul-americanos reunidos na Unasul e especificamente
aos que compõem o Mercosul. Federico Franco — o político conservador
golpista e testa de ferro do grande empresariado, inclusive dos
brasileiros fazendeiros donos de latifúndios chamados brasiguaios e que
comemoraram o golpe contra Fernando Lugo — em vez de anunciar seu
programa de governo e as ações para pelo menos amenizar as necessidades
do povo paraguaio simplesmente atacou o presidente da Venezuela, o
bolivariano Hugo Chávez.
O golpista arrogante e ideologicamente preconceituoso e provinciano
mandou às favas a legalidade constitucional de seu país e do continente
sul-americano e não satisfeito com sua desfaçatez afirmou que o Paraguai
é contra o ingresso da Venezuela no Mercosul. Ou seja, sua preocupação
se resumiu a dar o recado, talvez da CIA ou do Departamento de Estado
dos EUA. Sua prioridade, pelo o que se observa, é barrar o sexto maior
exportador de petróleo de mundo, além de ser o país que tem as maiores
reservas de petróleo comprovadas do planeta estimadas em 297 milhões de
barris.
Além disso, o país bolivariano é originalmente o principal responsável
pela criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). A
Venezuela, que tem quase 30 milhões de habitantes, até hoje não
conseguiu seu ingresso total no Mercosul, e o empecilho sempre foi o
Paraguai, inclusive no governo de presidente deposto Fernando Lugo, que,
para agradar a direita, sempre bloqueou a entrada de um país tão rico
como a Venezuela no Mercosul. Não dá, realmente, para compreender a
parcimônia do Governo e da diplomacia do Brasil quanto a esse processo.
Um absurdo. O Paraguai não é, no momento, confiável tanto quanto o
Chile, a Colômbia e os governantes que se aliam aos interesses
geopolíticos dos EUA e da burguesia latino americana.
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| Cristina, Dilma e Mujica anunciaram punição ao Paraguai. Golpe é go |
Os
presidentes do Brasil, da Argentina e do Uruguai anunciaram ontem, em
Buenos Aires, que o Paraguai está suspenso das reuniões e decisões de
cúpulas do Mercosul e da Unasul. Nunca, em 21 anos de existência do
bloco econômico, um país tinha sido punido. Contudo, o Paraguai não vai
sofrer sanções econômicas quando deveria. Não é de bom alvitre protelar
punições a quem comete crimes constitucionais e se conduz
inconstitucionalmente. A América Latina é useira e vezeira em cometer
grandes equívocos de ordem constitucional, que, indubitavelmente,
atrasaram seu desenvolvimento político, social e econômico.
Recordo
que em 2009 depuseram o presidente trabalhista de Honduras Manuel
Zelaya, e agora a América do Sul está a enfrentar o golpe paraguaio. Uma
lástima. Golpe é crime! Crime praticado pela direita que a todo custo
quer perpetuar seus privilégios e cujos interesses são repercutidos,
sistematicamente como um direito legal, pelo sistema midiático burguês,
comercial e privado, que, incessantemente, busca apoio da população,
notadamente a parte da classe média conservadora e despolitizada, que
abraça os ideais e os princípios de uma burguesia poderosa e cruel, que
se recusa a distribuir renda e riqueza e luta, historicamente, para
impedir a independência do Brasil e a autônima de seu povo. Pior que o
colonizador é o colonizado subserviente, que boicota o País, além de ser
possuidor de um gigantesco complexo de vira-lata, que o leva,
inclusive, a ser traidor, como ocorreu no triste ano de 1964.
Tenho
observado, portanto, que a integração plena da Venezuela ao Mercosul se
transformou em um processo ideológico, quando na verdade a integração
econômica daquele importante país do norte da América do Sul é uma
questão que diz respeito, e muito, à sobrevivência do próprio bloco, que
precisa de sangue novo e de oxigênio para se concretizar como força
econômica e política da América do Sul perante as maiores economias
do mundo, que se aproveitam de sua riqueza para impor seus interesses,
que, geralmente, são antagônicos aos dos países do continente
sul-americano.
As Comissões de Constituição e Justiça e de Cidadania, da Câmara dos
Deputados e do Senado, causam preocupação, porque alguns de seus membros
politizaram e continuam a politizar o ingresso da Venezuela no
Mercosul. Além do mais, a imprensa brasileira, porta-voz dos interesses
dos EUA, diuturnamente defende a desaprovação da Venezuela como sócia de
tão importante bloco econômico para a América do Sul. Sem sombra de
dúvida que esse processo draconiano, insensato e autoritário causa
prejuízos ao bom andamento dos trâmites burocráticos para a integração
venezuelana, bem como leva confusão à sociedade brasileira, o que faz
com que importantes setores dela se indisponham com o Mercosul, que
precisa ser sempre fortalecido e não enfraquecido, ainda mais com a
crise europeia e norte-americana que não tem data para terminar.
Espera-se que os membros do Mercosul e da Unasul sejam sensatos e não
façam da Venezuela um alvo para seus interesses políticos, sejam eles de
âmbito mundial ou regional. É salutar que entendamos que o Brasil e o
Mercosul são muito maiores que os interesses políticos mesquinhos, de
paróquia, provincianos e egoístas de certa “elite” política e
empresarial, principalmente os barões da imprensa, que por causa de seus
desarranjos ideológicos preferem a exclusão de um país economicamente
poderoso e geopoliticamente estratégico como a Venezuela. Temos que ser práticos
e cosmopolitas voltados à defesa dos interesses do povo brasileiro e
sul-americano, que espera dos governantes, que determinam e definem a
composição dos membros do Mercosul, bom senso, senso crítico o
suficiente para impedir que grupos econômicos, midiáticos e políticos
excluem a Venezuela de um bloco econômico tão importante para os povos
da América do Sul, e por que não, Latina.
Percebo que muitos se alinharam aos interesses estadunidenses, que
oferecia a moribunda Alca como opção para a associação dos países
sul-americanos, no que tange à construção de um bloco econômico de livre
comércio. Acontece que as regras da Alca não coadunavam com as nossas
necessidades e interesses, além de sabermos que os Estados Unidos, como a
maior economia do mundo, controlaria ainda mais os mercados e dominaria
os diálogos realizados em fóruns apropriados, no que concerne à defesa
de seus interesses, como acontece, por exemplo, na Organização Mundial
do Comércio — a OMC, órgão que sempre defendeu os interesses dos países
ricos, como sempre o fizeram o FMI e o Bird.
O Governo e os parlamentares representam o povo brasileiro e por isso
não devem, a meu ver, ficar à mercê do que a imprensa comercial e
privada tem publicado sobre o governo venezuelano, até porque, ao
contrário do que muitos pensam, a sequência de ações e atos políticos
perpetrados pelo presidente Hugo Chávez têm proporcionado, na verdade, a
percepção mundial de que o Mercosul é um bloco de grande envergadura,
que chama a atenção da comunidade internacional, além de projetar os
países sócios em uma escala nunca antes experimentadas por eles.
O
Mercosul deu certo, se tornou, apesar dos editoriais da imprensa
corporativa, fórum apropriado para onde devem ir as demandas de todos os
países da América do Sul em um futuro próximo e não apenas de quatro
sócios, sendo que um deles, o Paraguai, em vez de fortalecer o bloco,
rema contra a maré por intermédio de um golpe “parlamentar” de estado,
além de ser contra o ingresso da Venezuela como associada ao Mercosul.
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| Chávez negocia o igresso da Venezuela no Mercosul, apesar do Paraguai. |
Além
disso, os governos terminam, por mais que demorem no poder. Mas os
países são eternos e a Venezuela é importante demais para ficar fora do
Mercosul, porque alguns governantes, parlamentares e a imprensa de
negócios assim desejam, porque tem interesses contrários ao
fortalecimento do Mercosul, além de se deixarem levar por escaramuças
ideológicas, ultrapassadas, que, absolutamente, não têm primazia em
relação à completa integração dos quatro países membros do bloco junto à
Venezuela.
Há de se deixar claro, e ressalto este fato, que a Venezuela saiu do
bloco Andino para aderir ao Mercosul, porque sabe que não há como a
América do Sul negociar de igual para igual com os Estados Unidos ou com
a Comunidade Europeia, China ou Japão sem antes concretizar a união dos
sul-americanos, que tem por objetivo democratizar as relações
comerciais e favorecer o respeito mútuo entre os países desenvolvidos,
os poucos desenvolvidos e os emergentes, como o Brasil e a Argentina,
bem como a Venezuela, que tem crescido quase nove por cento ao ano, além
de, praticamente, eliminar o analfabetismo, principalmente entre as
crianças e os jovens.
O relatório do deputado Paulo Maluf (PP/SP) sobre o Projeto de Decreto
Legislativo (PDC) nº 387/07, que ratifica a adesão da Venezuela ao
Mercosul, foi aprovado pela CCJC da Câmara dos Deputados, em 2007. O
parecer do relator foi favorável à associação do país ao bloco. Contudo,
cinco anos depois a Venezuela ainda não ingressou plenamente no
Mercosul por causa de entraves burocráticos, campanhas contrárias
veiculadas pela imprensa oligarca e pela conduta dúbia e nada confiável
do Paraguai. Com o golpe de estado no país guarani, os países membros
do Mercosul tem uma oportunidade política de ouro para aceitar o
ingresso da Venezuela no Mercosul, que vai ficar ainda mais fortalecido,
bem como vai favorecer a união mais rápida de outros países da América
do Sul. Golpista tem de ser punido e não falar alto e grosso contra país
que respeita o jogo democrático, que é o caso da Venezuela, apesar da
imprensa burguesa mentir e replicar o contrário.
Os
países não podem ficar a perder tempo com filigranas políticas inúteis,
fúteis e muitas vezes levianas. O ingresso da Venezuela é irreversível.
Somente uma questão de tempo. Os governos vão efetivar um acordo, que
tem por finalidade apenas de ganhar tempo, no sentido de serem
analisados os procedimentos para a integração venezuelana ao bloco. De
qualquer forma, o Brasil tem de se posicionar a favor. Questões
ideológicas, filosóficas e políticas não estão acima dos interesses
maiores que a adesão de um país importante como a Venezuela ao bloco
sul-americano pode proporcionar. É ridículo o que certos setores da vida
brasileira estão a apregoar, sem nenhum fundamento racional para que a
Venezuela não integre o Mercosul. Não há paz social se a economia vai
mal. Nossos males, praticamente, tem origem de fundo econômico. Então,
basta haver vontade política. A integração das economias sul-americanas
e, por que não, latinoamericanas é o futuro sem volta, porque se se
integrar fosse uma ação ruim, os europeus não se uniriam e nem os
Estados Unidos não fariam pressão e boicotes para que o Mercosul e a
Unasul não dessem certo.
Lembro-lhes que até mesmo a Fiesp e a CNI são favoráveis à integração
da Venezuela ao Mercosul. Os empresários dessa Federação, os mais
poderosos do País, sabem que o mercado venezuelano é forte e tem muito
ainda o que crescer. Afinal, a Venezuela tem uma taxa de crescimento de
quase nove por cento ao ano, tem cerca de 30 milhões de habitantes, é
membro fundador da Opep, por ser grande produtora de petróleo, tem
vastos recursos naturais e está presente em setores como turismo,
silvicultura, pesca, agricultura e pecuária, desenvolve, de forma
acelerada, a indústria manufatureira, que fabrica e oferta produtos como
petróleo e seus derivados, aço, alumínio, fertilizantes, cimento,
pneus, veículos a motor, alimentos processados, bebidas, têxteis,
roupas, calçados e artigos de plástico e de madeira.
Além de tudo isso, a Venezuela tem uma enorme capacidade para promover o
crescimento do setor de energia elétrica, pois é um país com muitos
rios e por isso precisa compor parcerias para edificar novas
hidrelétricas. Não podemos esquecer também a questão da infraestrutura,
que tem como eixo central as rodovias, as ferrovias, os portos e os
aeroportos. As possibilidades de negócios nesses setores são imensas e
mesmo com essa realidade setores brasileiros e sul-americanos
reacionários e ideologicamente de direita ficam a perder tempo com
questiúnculas ultrapassadas, que remontam à Guerra Fria e que não tem
mais lugar quando se trata do fortalecimento do continente da América do
Sul perante os interesses de países ricos, nada confiáveis e com perfil
colonizador, imperialista e bélico, como provaram no decorrer de suas
histórias.
A Venezuela tem de integrar o Mercosul. Não somente a Venezuela, bem
como todos os países da América do Sul. Nossos povos merecem ter acesso a
uma vida de melhor qualidade. Nossos povos são sofridos, mas queremos
que, através do tempo, essas realidades cruéis sejam superadas, para que
possamos, em futuro próximo, sermos um continente desenvolvido, onde
todos possam ter oportunidades de crescer e viver bem, até porque não
aguentamos mais ver tanta burrice e insensatez por parte de alguns
setores que são contrários ao desenvolvimento social e econômico da
América do Sul e por isso fazem pressão e boicotam o que, para nós,
homens e mulheres sensatos, é o correto, o justo, o democrático e o mais
sábio. O governante do Paraguai tem de ser punido e entender que a
América do Sul mudou. É isso aí.





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