NÃO SE ILUDA TUDO PERMANECE DO MESMO JEITO TEMPO REI SÓ NA LETRA DA MÚSICA GILBERTO GIL É ESCRAVO DO SISTEMA CAPITALISTA DA BAHIA E DO BRASIL LULISMO: TEXTO ALTERADO POR: CARLÃO SAMPAIO.
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A cena era muito comum nos anos em que a
África do Sul era dominada pelo regime segregacionista do Apartheid. De
armas na mão, policiais observam os corpos de manifestantes no chão,
ensanguentados, após o protesto ser “contido” pelas autoridades. Nos
anos 1990, os policiais eram brancos e, os mortos, todos negros lutando
por igualdade. Hoje, os corpos continuam sendo de negros, mas muitos
policiais também são. O conflito não é racial, mas trabalhista. É a
África do Sul de 2012, livre do atroz regime da supremacia branca, mas
ainda flagelado pela desigualdade e por um mercado de trabalho cruel.
A chacina de quinta-feira 16 ocorreu nas
minas de Marikana (a 40 quilômetros de Johannesburgo), onde a empresa
britânica Lonmin obtém 96% da platina que exporta para todo o mundo. As
cenas jogaram os sul-africanos mais de uma década para trás. Em trajes
de choque e fortemente armados, os policiais montavam barricadas com
arame farpado quando foram flanqueados por grupos de trabalhadores,
muitos deles armados com machetes, lanças e outras armas improvisadas. A
polícia, então, abriu fogo contra os manifestantes. Após a salva de
tiros, pelo menos sete corpos ficaram no chão. A agência Reuters afirmou que até 18 pessoas podem ter sido assassinadas.
Nesta sexta-feira 17, as notícias
mostraram que o massacre foi ainda maior. Pelo 34 pessoas morreram e
outras 78 ficaram feridas e foram levadas aos hospitais de Rustemburgo e
Johannesburgo, duas das maiores cidades da região. Imediatamente após o
massacre, a polícia sul-africana não se manifestou. Nesta sexta, foi
inevitável. E as declarações não servem para explicar o banho de sangue.
“A polícia teve que usar a força para se proteger do grupo que estava
atacando”, disse Riah Phiyega, um ex-executivo de bancos que é o
comandante da polícia sul-africana desde junho.
Horas depois das mortes, o presidente da
África do Sul, Jacob Zuma, emitiu um comunicado lamentando o episódio e
prometendo levar os culpados à Justiça. Segundo Zuma, há na África do
Sul “espaço suficiente na ordem democrática para que qualquer disputa
seja resolvida por meio do diálogo sem rompimentos da lei ou violência”.
A fala de Zuma não encontra ecos na sociedade sul-africana. Segundo a agência Reuters, o jornal Sowetan
questionou em editorial nesta sexta-feira o que havia mudado no país
desde 1994, quando o Apartheid chegou ao fim. Para a publicação, os
negros pobres continuam sendo tratados como objetos pelo governo.
Instituições ligadas aos direitos humanos condenaram o massacre, também
assemelhando o ato policial ao tipo de comportamento que as autoridades
tinham durante o auge do regime racista.
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O massacre em Marikana é o ponto
culminante de seis dias de violência. Desde 10 de agosto, quando a
paralisação teve início, trabalhadores que tentaram furar a greve foram
atacados e pelo menos dez pessoas morreram, entre elas dois policiais.
Há relatos de que a violência é resultado da rivalidade de oito meses
provocada por uma disputa de poder entre dois sindicatos de mineiros, um
existente há mais de 20 anos e outro recém-aberto. Um líder grevista
afirmou ao jornal sul-africano The Starque os 3 mil mineiros
estavam ali em nome próprio, após décadas de “negociações infrutíferas”
dos sindicatos. Os trabalhadores tinham, segundo este líder, duas
reivindicações. Serem recebidos por diretores da Lonmim e um aumento
salarial dos atuais 5000 rands (equivalente a 1200 reais) para 12000
(cerca de 2900 reais).
Barnard Mokwena,
vice-presidente-executivo da mineradora, afirmou que a empresa estava
interessada em negociar por meio de “estruturas reconhecidas” (leia-se
os sindicatos) e que não pretendia dar aumento salarial. A grande
preocupação da Lonmim é com a queda de mais de 6% de suas ações na Bolsa
de Londres e com o fato de ter deixado de produzir cerca de 15 mil
onças (425 quilos) de platina nos últimos seis dias. A diretoria da
Lonmim se recusou a comentar o massacre em suas minas. A empresa se
limitou a dizer, à agência Associated Press, que se tratava de uma “operação policial”
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