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Comando Central
O Comando Central do ELN, compreendendo a
Direção Nacional, o Comando Central e os Comandantes regionais, se
reuniu para comemorar os 48 anos de lançamento público do Exército de
Libertação Nacional, realizada com a histórica ação militar no povoado
de Simacota, Santander, em 7 de janeiro de 1965.
Hoje, quase meio século depois, os
ideais que motivaram a insurreição armada continuam válidos e têm mais
validade frente à falta de vontade da oligarquia para responder ao
clamor e às esperanças da maioria dos colombianos.
Capitalismo: crise de civilização
Não há dúvida de que o capitalismo, nos
últimos 200 anos, com sua continuidade imperialista, liderada pelos
Estados Unidos da América, tem arrastado a humanidade em uma crise de
civilização de enormes proporções, que tem colocado em risco a vida e a
existência do próprio planeta.
A economia capitalista, sustentada e
dependente de combustíveis fósseis, o consumo ilimitado de recursos
naturais, em que o objetivo é a acumulação de riqueza para poucos e
consumo desenfreado, tem provocado fenômenos complexos, aos quais o
capitalismo é incapaz de oferecer alternativas, pois sua essência
predatória baseia-se na necessidade de uma sempre maior taxa de lucro.
Essa crise de civilização se manifesta
em múltiplas crises: ecológica, energética, alimentar, populacional,
urbana, entre gerações, da água, do lixo e dos valores, entre outros. A
ciência e a tecnologia revelam limitações para resolver as exigências da
sociedade, porque respondem à lógica do mercado e do grande capital.
O mundo capitalista, o mundo dos
poderosos, pensava que os fantasmas já não voltariam a atormentá-lo; mas
agora não é o discurso da mídia sobre a "ameaça comunista", mas as
massas de despossuídos, sem emprego, os esquecidos, os miseráveis que
hoje se levantem com a sua indignação feito força social, exigindo
mudanças ao desastre produzido pelo capitalismo neoliberal selvagem. A
globalização neoliberal globalizou a miséria e o desesperança, mas, ao
mesmo tempo, globalizou a luta em seus próprios países, centro do
capitalismo global. Já não estamos mais no fim da história, é claro que a
estrada continua e o capitalismo não será o ponto de chegada, é algo
diferente e está em construção como obra de toda a humanidade.
Hoje a humanidade, os povos estão na
construção de uma concepção renovada sobre a sociedade que requer o
presente e o futuro, nutrindo-se de outras experiências e saberes, entre
eles os dos povos ancestrais. Um paradigma que reconcilie o ser humano
com a natureza, que conceba o futuro com o bom viver, que satisfaça as
necessidades materiais e espirituais da população, entendendo que os
recursos renováveis e não renováveis são de caráter limitado, e que as
futuras gerações necessitam deles.
A esse novo caminho se opõe o
imperialismo dos EUA, que desloca suas tropas e armas para dominar o
mundo através da guerra e de todo tipo de intervenções militares
disfarçadas com siglas, que são manejadas como marionetes. Um império em
crise se faz mais perigoso e sanguinário; no entanto, os povos e suas
esperanças resistem e um mundo cada vez mais consciente olha atento para
a unipolaridade ianque, que vai sendo gradualmente substituída por
iniciativas pela paz, pela democracia e por outras relações econômicas e
políticas.
O continente da esperança
Nessa direção caminha a Nossa América, a
que fica ao sul do rio Bravo. Essa, por que tanto lutou o Libertador
Simón Bolívar, pôde resistir aos planos imperialistas e agora, sob a
liderança do presidente Chávez, os povos aprenderam a valorizar os
sonhos longamente negados. Como a Venezuela, outros povos também criaram
novas lideranças, que seguem apontando para essa obra coletiva que abre
caminho, com muitas cores e diversidade de experiências. Novas
instituições internacionais, como Alba, Unasur, Mercosur e Celac entre
outras, vão estreitando laços e formando novas solidariedades.
O império ianque persiste em fazer
retroceder o curso da história, está sempre preparado para dar um golpe
militar, e quando as condições permitem não duvidem, ainda que agora o
faça disfarçado de golpes mais suaves, não descansa em preparar sua
reconquista. Os povos já sabem, como nos mostram Honduras e Paraguai e
as repetidas intentonas na Venezuela, Equador e Bolívia. Para isso,
conta com as oligarquias vende-pátrias do Chile, Peru, Colômbia, Panamá e
o que seria o "Bloco do Pacífico", em que a Colômbia continua a ser a
"cabeça-de-ponte" para frear o sonho do Libertador.
Colômbia ... o desafio da paz
A Colômbia não pode ser uma exceção
nessa busca coletiva do continente do Sul, pela liberdade, pela
democracia e pelo bom viver de nosso povo.
Depois de 8 anos do presidente Uribe e
sua máfia paramilitar belicista, que arrastou todas as instituições à
corrupção para favorecer seus amigos e parceiros, vem o governo de Juan
Manuel Santos para continuar a tarefa de tentar aniquilar o movimento de
guerrilha por meio de planos militares, e para tentar recuperar a
institucionalidade deteriorada por seu antecessor, procurando recompor
alianças da burguesia e diminuir o isolamento internacional.
Seu plano de governo está focado em
servir aos interesses do capital transnacional, afetando gravemente o
interesse nacional com o seu modelo extrativista de recursos naturais,
mineiro-energéticos, que, juntamente com os Tratados de Livre Comércio –
TLC, levam o país a uma desindustrialização grave, convertendo-nos em
exportadores de matérias-primas e importadores de tudo o que o país
possa precisar para sobreviver.
Um país que em matéria de trabalho
retrocedeu um século – os trabalhadores não têm estabilidade de emprego
nem garantia social. A perseguição a dirigentes sindicais deixa três
dezenas de mortes por ano, as ameaças se contam às centenas, assim como a
criminalização dos protestos populares.
A crise social se aprofunda, a saúde
padece de câncer terminal, pois o interesse do negócio prevaleceu sobre o
caráter de bens públicos, uns quantos enriqueceram e outros tantos
paramilitares tiveram financiados massacres com dinheiro que deveria ser
destinado à saúde. Pretende-se levar a educação pelo mesmo caminho da
privatização, mas a resistência crescente dos estudantes, jovens e o
conjunto da sociedade conseguiu parar as leis que Santos quis impor.
A crise agrícola e a sequela das vítimas
da herança dos militares e paramilitares para favorecer os
latifundiários e transnacionais continuam por resolver, e querem enganar
o país com as chamadas "Lei da terra" e "Lei das vítimas", dizendo que
serão a bondosa solução do governo, mas não são mais que a legalização
da herança e da impunidade dos criminosos.
O trabalho duro tocou ao povo. Resistir e
lutar foram as únicas alternativas para prosperar em meio à barbárie e a
ignomínia da oligarquia e seus governos. O Movimento Popular em suas
várias expressões: os trabalhadores, os camponeses, os indígenas,
estudantes, afro-descendentes, mulheres e colonos se têm visibilizado
com seus protestos e manifestações. Em cada passo se constrói o caminho
da convergência e da unidade, onde a esperança vai sendo tecida em novos
mandatos que vislumbram a Nova Colômbia, a de muitas cores, a de todos.
Esses governos oligárquicos só oferecem
ao povo guerra ou rendição, e as coisas continuam as mesmas, mas a
sociedade como um todo tomou partido por uma saída política, que leve a
sociedade para uma transformação de suas estruturas de injustiça e de
iniquidade, para dar lugar à construção da democracia, em que a maioria
já não sejam os excluídos de sempre.
A insurgência: compromisso futuro
A insurgência, como parte da luta
popular, também resistiu à máquina de guerra que tem o apoio, o
dinheiro, a tecnologia e as armas do maior e mais poderoso império de
toda a história da humanidade; não foi fácil, mas somos uma guerrilha
que aprende em cada combate e construiu profundas raízes nas comunidades
nacionais, de onde nos erguemos para continuar o caminho.
Embora ainda persistam diferenças entre
as organizações insurgentes – e foram muitas as dificuldades que
produziram os irracionais e nefastos enfrentamentos já superados –, hoje
estamos avançando no estreitamento do vínculo com as outras guerrilhas e
compreendemos que a unidade insurgente e popular é a garantia de um
futuro vitorioso.
Esta reunião de comandantes do Exército
de Libertação Nacional tem se nutrido de novas reflexões para avançarmos
mais unidos que nunca, mais firmes no compromisso com nosso povo, com
esta Colômbia que tanto amamos. Em tal sentido, reafirmou-se mais uma
vez o compromisso pela saída política do conflito e sua disposição de
trabalhar por ela, entendida como um caminho que se constrói
conjuntamente com a sociedade, onde ela é sua principal protagonista.
A paz não é um caminho fácil, mas é
necessário transitar por ele e estamos prontos para fazê-lo. Mas não
será o caminho da entrega nem da rendição, há de ser o caminho que nos
leve a outra realidade para a Colômbia, pela qual lutamos e seguiremos
lutando. Quem resiste e luta contra os poderes injustos sempre consegue a
vitória, porque seus sonhos vêm dos corações dos povos.
Montanhas da Colômbia
Janeiro de 2013
Comando Central
Exército de Libertação Nacional
Colômbia para os Trabalhadores!
Nem um passo atrás. Libertação ou morte!

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