Otavinho e Dudu: fome e vontade de comer
Otavinho se alia a qualquer um, contanto que mantenha privilégios e que derrote o PT em 2014. |
Lula disse que a imprensa é um partido e não assume
esta condição. O que o político trabalhista afirmou é verdade, mas uma verdade
que todo mundo sabe e que toma uma dimensão maior quando quem fala é um
ex-presidente da República, com altos índices de aprovação da população deste
País, bem como se trata do político brasileiro mais famoso e com prestígio em
âmbito internacional.
Há muitos anos — ainda jornalista novo na profissão
— percebi que a imprensa, os profissionais de “confiança” que repercutem o
pensamento do patronato e os próprios donos dos meios de comunicação privados
tem lado, cor ideológica e partido. Dissimulam e tergiversam quanto às suas
ações, mas interferem no processo político brasileiro desde o final do século
XIX.
E é exatamente no campo da direita que os
megaempresários controladores da imprensa de mercado efetivam suas ações e apoiam
quaisquer grupos conservadores que provem que podem conquistar o poder,
principalmente se for a Presidência da República.
Não importa, inclusive, se o candidato conservador
tenha origem na esquerda, como nos casos de Marina Silva, que, incompetente,
não conseguiu legalizar a Rede Sustentabilidade no TSE, e de Eduardo Campos,
cujo partido, o PSB, é aliado histórico do PT e que participou, de forma
profícua, do projeto de País que está a ser edificado pelos presidentes
trabalhistas Lula e Dilma Rousseff.
A verdade é que os barões da imprensa de negócios
privados, a exemplo de Otávio Frias Filho, têm linhagem política, que remonta o
Império. Eram aliados do Partido Conservador e que formaram definitivamente
seus DNA políticos com o surgimento da UDN e todos os partidos que,
posteriormente, ocuparam o seu lugar, em forma de siglas, exemplificadas em
Arena, PDS, PFL e, finalmente, DEM.
Acontece que a direita no Brasil não ganha eleições
majoritárias, como as de presidente da República. A direita não tem votos
suficientes, mas tem dinheiro, os meios de produção e principalmente o controle
do sistema midiático empresarial, que se tornou um partido político oficioso e
que atua como porta-voz do establishment, que luta, incansavelmente, pela
manutenção do status quo das classes sociais ricas e dos países que controlam
os sistemas de capitais, como os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, o Japão
e a Alemanha.
Quando um político aparentemente compromissado com
as reformas se bandeia para o outro lado, é sinal que seus interesses pessoais
estão acima dos interesses do povo. Eduardo Campos foi picado pela mosca azul e
não mede consequências para atingir seus objetivos. Oportunistas como as hienas
e vorazes, a exemplo dos tubarões, os barões da imprensa de tradição golpista
não se fazem de rogados, pois animais políticos calculistas se aproximam quase
que instantaneamente daqueles que, porventura, possam chegar ao poder e
derrotar o governante e o partido que eles consideram como adversários e até
mesmo inimigos.
Eduardo Campos, no momento, é a aposta deles, mesmo
com a opção de Aécio Neves, senador mineiro, que na verdade nunca empolgou o
baronato midiático e bilionário que pensa que o Brasil de mais de 200 milhões
de habitantes e a ser a sexta economia do mundo é o quintal da casa dele. Mas
não é; como provaram as duas vitórias de Lula e o triunfo de Dilma Roussef, que
candidata novamente a presidenta da República é considerada pelos institutos de
pesquisas, alguns deles pertencentes aos magnatas midiáticos, a favorita para
vencer o pleito eleitoral, apesar da oposição sistemática e incontáveis vezes
desleal da imprensa de negócios privados. Sempre foi essa a atitude desses
empresários bilionários.
E não é que o Otavinho Frias vai a Recife se encontrar
com o Dudu Campos, aquele que recebeu bilhões de investimentos para Pernambuco
ser um canteiro de obras e depois se transformou em um quinta-coluna que
deixaria o Joaquim Silvério dos Reis constrangido. Ao chegar a Pernambuco, o
magnata paulista e sua trupe de “gênios” e “estrategistas” de mídia e política
se encontram com o Dudu, pré-candidato a presidente à Presidência, para logo
depois visitar o Porto de Suape, dentre outros investimentos, que tiveram como
parceiro principal o Governo Federal administrado pelos presidentes
trabalhistas há 11 anos. Otavinho e Dudu: a fome com a vontade de comer.
O Otavinho certamente vai ficar surpreso com o
Porto de Suape e as outras obras que vai visitar, porque apesar de ele ser o
dono da Folha de S. Paulo e do Datafolha, o barão “desconhece” a existência de
milhares de obras espalhadas por este País. Afinal, o jornal que ele comanda
não dá publicidade sobre nada o que é realizado no Brasil pelos governos do PT,
porque a intenção é fazer com que o povo brasileiro não tenha acesso à
informação sobre suas conquistas.
Essa conduta acontece porque o magnata tem a
compreensão que está em jogo a derrota dos petistas, e, consequentemente,
concretizar seu desejo, que é o de ter no poder o político que ele considere de
sua confiança, e, por sua vez, possa atender os interesses dessa burguesia de
passado escravocrata, que ficou quase 500 anos no poder e por causa disso sente
muito ódio por ter deixado de roer o osso e perceber que está a haver
distribuição de renda e ascensão social das classes mais pobres.
Esses caras são de amargar, porque é muito
diferente você fazer aliança e manter seu projeto de Governo apresentado e
prometido ao povo, como o fez o PT, do que as alianças firmadas por Eduardo
Campos e Marina Silva que, nitidamente, desmentem seus discursos ao tempo em
que dão transparência ao que eles pretendem, que é desacelerar o projeto
trabalhista de distribuição de renda e riqueza e de reformas em setores
importantes como o político e o tributário.
Dudu continua a dar pedradas na pomba socialista e a cooptar barões da imprensa como o Otavinho. |
O dono da Folha — jornal que emprestou seus carros
de reportagem aos agentes da repressão da ditadura militar, que chamou tal
regime de ditabranda e publicou uma ficha falsa da Dilma, dentre muitas outras
leviandades e mentiras — está, na verdade, a sondar as intenções políticas e o
projeto de poder do “socialista” Dudu e aproveita para dar sugestões, de
preferência nas áreas econômicas e de relações exteriores, os setores mais
criticados pela direita brasileira, pois no Governo Lula as relações
internacionais deram uma guinada à esquerda, bem como o Brasil buscou novos
parceiros, rejeitou a Alca e efetivou a criação e o fortalecimento de blocos
políticos e econômicos, exemplificados em Mercosul, G-20, Unasul, Brics e
Celac.
Em âmbito interno, Lula e Dilma não vacilaram em
proteger, fortalecer e fomentar a economia interna e dessa forma combater com
competência a crise internacional iniciada em 2008 e que até hoje aflige
duramente os europeus e os segmentos mais frágeis da sociedade estadunidense,
realidades essas que não são mostradas como deveriam ser repercutidas, por
exemplo, pelo jornal do Otavinho. O jornalismo da Folha de S. Paulo é sectário,
provinciano, preconceituoso, conservador e tem lado, ou melhor, lados, pois o
barão da imprensa ainda não deve ter batido o martelo para escolher entre
Eduardo Campos e o Aécio Neves, do PSDB, partido aliado há 20 anos do partido
político Folha de S. Paulo.
Talvez o magnata considerasse mais prático e
palatável a união entre Aécio Neves e Marina Silva, chapa de preferência dos
irmãos Marinho, outra família midiática, que detesta o Brasil, mas não abre mão
de ganhar muito dinheiro nessas querências e de também ter um representante da
Casa Grande na Presidência da República. Mas não deu, a começar pela
incompetência da tucana de bico verde, Marina Silva, pessoa que quando abre a
boca ninguém entende nada, bem como teve que se filiar ao PSB porque não
conseguiu legalizar a Rede Sustentabilidade. Ela é um gênio, não?
Contudo, Otavinho Frias é realmente um homem sem
“simancol”. Pensa que sua importância é maior do que propriamente o é. O
“escriba” patrão se reúne com um governador “socialista”, aliado do PT durante
20 anos e que se beneficiou com a disposição de o ex-presidente Lula fazer de
Pernambuco alvo de investimentos bilionários e, por sua vez, gigantescos. A
verdade é que Lula “governou” Pernambuco e o Dudu foi e ainda continua a ser um
gerente de luxo, que rompeu uma aliança histórica e ainda se dá o direito de ir
à televisão pedir respeito, o mesmo respeito que ele não teve com seus aliados
de lutas e conquistas, com o apoio da maioria do povo brasileiro.
Antes de o senhor Otávio Frias Filho ir sondar o
que pensa e o que quer fazer o Dudu, no dia anterior o seu jornal publicou que
a presidenta Dilma Rousseff entrega casas do PAC sem água e luz. Evidentemente
que tal matéria não é séria e que visa desqualificar o programa ao tempo em que
coloca a mandatária em uma posição de política inconsequente, irresponsável e
oportunista, coisa que Dilma não é.
Talvez o Otavinho e seus empregados jornalistas se
considerem mais sérios e compromissados que a presidenta no que diz respeito a
cuidar dos interesses do povo brasileiro. E como saber quem tem esta
preocupação? Dou uma sugestão, e respondo com uma indagação: Que tal
pesquisar-se a biografia, a história de ambos e assim verificar-se em que lado
cada um está e sempre esteve? Aposto que o filho e herdeiro do magnata Frias
seria, inapelavelmente, desmascarado.
O PSB quer entrar em São Paulo. Otavinho é dono do
jornal mais poderoso do País, a superar O Globo. Eduardo Campos talvez queira
garantir o apoio do megaempresário se passar para o segundo turno das eleições.
Entretanto, sabe-se que se o tucano Aécio Neves não decolar como se espera, a
direita brasileira vai desembarcar com mala e cuia na candidatura do
“socialista” quinta-coluna, que não mede esforços para concretizar seus
interesses pessoais e dessa maneira afagar sua incomensurável vaidade.
Otavinho, esperto como seu pai, fareja a
oportunidade de longe, e prepara seu bote, que tem a intenção de fazer com que
o Dudu seja conhecido nos rincões provincianos, mas ricos do Estado de São
Paulo e sul e sudeste do País. Só que o magnata Otávio Frias, como
“constitucionalista”, foi derrotado em 1932, pelo estadista trabalhista Getúlio
Vargas, o político responsável pela edificação do Brasil moderno e da
efetivação das leis trabalhistas, e que essa gente até hoje o odeia exatamente
por causa disso.
Agora, uma coisa reconheço: Eduardo Campos sabe
como agradar a imprensa de negócios privados, porque a de Pernambuco está nas
suas mãos há muito tempo. Dudu fez com a imprensa burguesa o que os tucanos de
São Paulo fizeram com a imprensa paulista, cujo um dos mais poderosos
representantes é o Otavinho. Como se percebe, tais magnatas da imprensa
empresarial defendem o liberalismo econômico com unhas dentes, mas na prática
adoram receber agrados do estado, especialmente quando se trata de abertura de
crédito bilionária e de publicidade oficial milionária. O Otavinho é o que é,
porque seu pai foi o que foi; bem como a Folha é o que é, porque quem a
controla é o Otavinho. É isso aí.
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