COORDENADORA DO PROJETO AEDES TRANSGÊNICO, MARGARETH CAPURRO, VISITA JUAZEIRO/BA.

A Coordenadora do Projeto Aedes Transgênico (PAT) da Moscamed, a Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), Margareth Capurro, está em Juazeiro para fazer o acompanhamento técnico do PAT. Margareth concedeu entrevista na tarde desta sexta-feira (30) ao Programa Geraldo José (Rádio Transamérica).
“Vim fazer um acompanhamento técnico do projeto Aedes Transgênico, que foi criado, primeiramente, para combater a mosca da fruta. Com o passar do tempo, tivemos a possibilidade de desenvolver essa tecnologia para mosquitos transgênicos, que o pensamento é basicamente o mesmo, diminuir a população de mosquitos e tentar diminuir a transmissão da dengue”, explicou, a doutora.
Segundo Margareth, o combater ao mosquito transmissor do vírus da dengue, se dá quando o mosquito transgênico macho, que carrega um gene mortal, é liberado no ambiente. Ao cruzar com a fêmea criada na sociedade (natural), este gene é transmitido à sua prole que morre antes de atingir a fase adulta. Desta forma, com as liberações é esperada a redução e o controle populacional dos Aedes aegypti.
“O mosquito macho é muito sensível e a técnica não funciona tão bem, então foi adaptado essa modificação genética para tentar que o mosquito fique apto ao ambiente externo. A técnica é de biotecnologia. A transgenia trouxe essa possibilidade de não mexer com o estado físico do mosquito. Deu certo com a mosca da fruta e tem dado muito certo com o Aedes transgênico”, disse.
O primeiro projeto dessa pesquisa foi realizado em 2009 em Juazeiro, onde foram liberados os mosquitos no bairro Itaberaba e no distrito de Mandacaru. Após três anos de funcionamento o PAT confirmou a eficácia na redução populacional do mosquito Aedes aegypti, com os seguintes resultados: na comunidade do bairro Itaberaba foi constatada a redução de 85% do número de ovos do mosquito transmissor do vírus da dengue e no projeto Mandacaru a redução chegou a 95%. A partir dos resultados positivos de Juazeiro a Secretaria Estadual de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), solicitou a implantação do PAT em Jacobina, que estava entre as cidades baianas com maior índice de infestação do Aedes aegypti. O projeto foi iniciado em janeiro de 2013 e contemplará a área urbana de Jacobina.
“Tivemos excelentes resultados, só que como era um projeto muito pequeno, só em um bairro a gente não consegue medir o impacto do nível de transmissão da dengue, com isso a gente mudou para a cidade de Jacobina, que foi escolhida por seu desenho geográfico, que facilita impedir a entrada do mosquitos selvagens. A cidade é pequena e a ideia, foi liberar em toda a cidade e ver o impacto na transmissão da dengue. A gente gostaria de tratar Juazeiro, onde se iniciou o projeto. Só que, não tem sentido tratar a cidade de Juazeiro e não tratar a cidade de Petrolina, a gente duplicaria o projeto. Para tratar a região teria que ser um projeto grande”.
A cientista foi questionada sobre um projeto semelhante para a população das muriçocas, que assola a cidade de Juazeiro. “A muriçoca é um incômodo, mas não tem nenhuma doença grave causada pela muriçoca, como a dengue. Acaba sendo negligenciadas as tentativas de combater a muriçoca. A Moscamed é uma organização social sem fins lucrativos, que depende do repasse de verba para seus projetos. Se os municípios ou governo do estado disponibilizar recursos, será possível realizar um projeto para as muriçocas”, comentou.
Margareth contou também que o projeto Aedes Transgênico está sendo apresentado a outros países, que tem interesse no modelo desenvolvido na Bahia. “Temos uma interação muito grande com outros países, não é só o Brasil que está em destaque, e sim Juazeiro e a Bahia. Temos recebido várias delegações que querem conhecer a Biofábrica e conhecer a produção para treinamento de cientistas. Eles querem aprender com a gente a regulamentação do projeto”, finalizou.
Da redação, Itamara Costa
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