A 24ª Romaria de Canudos que acontece em outubro desse ano, na cidade de Canudos, região nordeste da Bahia, vai discutir a caatinga em seus diversos aspectos. Uma comissão de preparação do evento até já definiu o tema: Canudos e Caatinga, exemplos de vida e resistência. A Romaria de Canudos nasceu em 1988, com a iniciativa das comunidade rurais do município, e atualmente é promovida pelo Instituto Memorial de Canudos (IPMC), Paróquia e Prefeitura local, atraindo para o evento, romeiros, turistas, pesquisadores e estudantes interessados no tema Canudos. A ligação do movimento de Canudos com a caatinga é muito evidente. Desde a fundação do arraial em 1893 até sua destruição em 1897, conforme narra o escritor Euclides da Cunha, os arbustos, as malvas e os cactos compõem o cenário da saga dos sertanejos que fundaram no meio do sertão baiano, uma comunidade com estilo de vida diferente do resto do país. Escritores como Didie Bloch, Arlindo Leonee tantos outros ligados ao tema, reconhecem que o povo guiado pelo líder religioso Antônio Conselheiro sabia extrair da caatinga, as alternativas para sua sobrevivência. Relatos oficiais da história confirmam a existência de muitas atividades produtivas no arraial a exemplo da criação de cabras e outros pequenos animais juntamente com o artesanato e a agricultura que também eram práticas comuns que davam sustentação para mais de 20 mil pessoas.
Apesar de toda a força histórica de uma comunidade que foi exterminada por pensar e agir diferente do resto do país, em Canudos há sinais evidentes de que a caatinga que gerou riqueza, atualmente está altamente degradada. O município hoje detém um número elevado de áreas de caatinga destruída, o que torna necessário a adoção de medidas imediatas.Mais de cem anos após o fim da guerra, o povo que vive hoje no município de Canudos busca novas alternativas para uma vida digna. Os projetos de Convivência com o Semiárido existentes nas áreas de caatinga têm proporcionado às comunidades, o acesso a água e as formas de produção apropriadas ao clima.
É o que acontece nas comunidades de Angico e Barriguda, onde está sendo executado, o Projeto Recaatingamento, uma iniciativa do Irpaa com o patrocínio da Petrobras, onde estão sendo recuperadas algumas áreas degradadas com foco no melhoramento da criação de animais e no incentivo ao beneficiamento de frutas nativas da caatinga. A partir não só da experiência história, mas avaliando o momento atual, a 24ª Romaria de Canudos visa principalmente discutir o modo de vida e produção do povo do Semiárido, que com a força da organização consegue vencer dificuldades e encontrar alternativas de produção sustentável.
Fonte: Irpaa
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