Onde está a ética o dinheiro público? O gato comeu ou ninguém viu?!
Do alto de seus discursos empostados e de posse de artigos e incisos, os vereadores de Juazeiro debateram, durante a sessão ordinária desta terça-feira (25), a ética e o decoro – ou melhor, a falta deste – no trabalho dos legisladores que, no momento, ocupam uma das treze vagas na Câmara da cidade.
Esse debate acalorado sobre a postura parlamentar foi suscitados no final terceiro ano de trabalho quando, segundo o líder do governo, vereador Damião Medrado (PSD), a sua bancada não gostou das colocações do líder da oposição, vereador Alex Tanuri (PSDB), que chamou os vereadores de ‘covardes’, por obedecerem segamente às ordens o governo municipal e que essa situação estava virando “uma palhaçada, onde o palhaço maior era o próprio prefeito”.
Os vereadores da bancada governista exigiram da Mesa diretora a instalação da comissão de ética e que o caso fosse julgado imediatamente.
Damião Medrado, porta voz da bancada por excelência, em seu discurso reafirmou que “nunca foi covarde” e que suas decisões pertencem somente a ele, pois “não deve sua cabeça política a ninguém” e que faz parte de uma “família tradicional política da cidade”.
O vereador Alex Tanuri, de pronto respondeu: “Aqui quem manda é o prefeito” e “papel do vereador é legislar e não ficar subindo as escadas do paço”, pois “pedir favores ao prefeito, isso sim que é escandaloso”. “Quem não tem ética é esse governo corrupto”.
O debate tomou conta do plenário da egrégia Casa legislativa.
O vereador Mitonho Vargas engrossou o coro governista. O parlamentar petista – da banda governista – disse que não “agüenta mais essas provocações” e que os vereadores “devem respeito aos colegas”.
No calcanhar do petista – de governo, é bom sempre lembrar – o vereador José Carlos Medeiros (PV), também portando artigos e incisos do Regimento Interno da Casa, disse que “a comissão de ética deve apurar todos os casos, incluindo a agressão do vereador Mitonho ao colega petista – de oposição – Leonardo Bandeira, nas dependências da Casa”.
Enfim, o debate está posto. Vamos esperar para saber em que pé essa comissão vai surgir, crescer e dar frutos. Esperamos, enquanto sociedade, que a “ética” não seja engolida pelo “gato”.
Alguma coisa a esconder?
Vereadores da base governista impedem que coordenadora do “Segundo Tempo” vá à Câmara prestar esclarecimentosFoi votado e rejeitado pelos vereadores da base do governo Isaac Carvalho(PCdoB)o requerimento do líder da oposição, Alex Tanuri(PSDB), que convocava a coordenadora do Programa “Segundo Tempo” Laércia Souza, a dar informações sobre o trabalho realizado em Juazeiro, com o convênio mantido com o Ministério dos Esportes.
A votação foi levada à pauta na sessão ordinária dessa terça-feira(25), na Câmara Municipal de Juazeiro.
Todos os vereadores governistas presentes na sessão votaram contra a ida da coordenadora. O único governista que não estava presente era, coincidentemente, o ex-secretário de Esporte e Cultura, Pedro Alcântara Filho(PR).
O requerimento de Alex Tanuri tinha como justificativa a intensa onda de denúncias envolvendo o atual Ministro do Esportes, Orlando Silva, que, segundo notícias em todos os meios de comunicação do país, teria montado um “esporteduto”, num amplo esquema de corrupção espalhado entre secretarias e prefeituras do PCdoB.
Como Juazeiro está sendo governado pelo PcdoB e teve, nos últimos meses, muitas críticas envolvendo o Programa “Segundo Tempo”, a oposição achou por bem convocar a coordenadora para dar alguns esclarecimentos sobre a verba recebida.
De acordo com o mapa do Ministério dos Esportes, Juazeiro foi a décima cidade em montante de verbas, só no ano passado – período em que o Programa não aconteceu na cidade, sob o argumento de que o Ministério havia bloqueado qualquer dinheiro ao município.
Há, porém, além do site do Ministério, o site da Transparência Nacional apontando verbas enviadas a Juazeiro já em 2009.
Portanto, parece que há mesmo o que ser explicado. Mas os vereadores governistas não acreditam nisso.
Em abril de 2009, o ministro esteve em Juazeiro e prometeu verba para o início o programa. E cumpriu. Em 18 de dezembro de 2009, a prefeitura recebeu o valor de R$ 1.618.262,00 (CONFORME DOCUMENTO ABAIXO). Em 2010, mais R$ 2.000.006,00 e, em 03 de agosto de 2011, o Programa Segundo Tempo recebeu R$ 809.131,00.
A pergunta é simples: Se o Ministério dos Esportes enviou verbas a Juazeiro desde 2009 para o “Segundo Tempo”, por que o Programa só foi iniciado em abril de 2011? Enquanto os vereadores governistas tomavam essa decisão de blindar os responsáveis pelo “Segundo Tempo” em Juazeiro para não precisarem responder a essas e a outras questões, o Supremo Tribunal Federal decidiu, nessa terça-feira(25), decidiu aceitar o pedido de investigação de desvio de verbas na pasta do ministro Orlando Silva.
A ministra do STF Cármen Lúcia abriu prazo de 10 dias para que o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) enviem todos os convênios do Ministério do Esporte sob investigação na gestão de Orlando Silva.