sábado, 11 de abril de 2015

100 anos de Ana Montenegro, sinônimo de mulher e comunismo


Nascida em 13 de abril de 1915, em Quixeramobim (CE), Ana Montenegro estudou Letras e Direito na UFRJ e depois se radicou na Bahia. Participou desde muito jovem de iniciativas promovidas pelo movimento de esquerda. Filiou-se ao Partido Comunista (PCB) em 1944. Grande ativista do Movimento de Mulheres, foi fundadora da União Democrática de Mulheres da Bahia (1945). Também participou da fundação da Federação Brasileira de Mulheres – organização ligada ao PCB, da Liga Feminina da Guanabara, criada em 1959, e do Comitê Feminino Pró-Democracia. Atuou na Frente Nacionalista Feminista desde meados dos anos 1950 até o golpe de 1964.
A grande influência e amizade de Ana Montenegro foi o líder comunista Carlos Marighella. Foi ele quem indicou o exílio dela quando os militares assumiram o comando em 1964. Foi a primeira mulher brasileira a ser exilada após o golpe. Para assegurar sua integridade física, partiu do Brasil para o México. Depois passou por Cuba, onde conheceu os principais líderes da revolução socialista. Da ilha de Fidel, partiu para a Europa e se instalou na Alemanha Oriental, onde passou a maior parte dos 15 anos de exílio.
De 1964 a 1979 fez parte da Comissão da América Latina pela Federação Democrática Internacional das Mulheres. Com a anistia brasileira em 1979, Ana retornou ao Brasil e passou a residir em Salvador, reintegrando-se à luta feminista e, como ativa militante, foi convidada a participar do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (1985-1989). Foi assessora da Ordem dos Advogados do Brasil, na seção baiana, atuando em defesa dos Direitos Humanos e membro do Fórum de Mulheres de Salvador.
Na década de 1980, escreveu “Ser ou não ser feminista”, “Mulheres – participação nas lutas populares”, “Uma história de lutas” e “Tempo de Exílio”. Quarenta e um ano depois do golpe de 1964, foi lembrada e indicada ao Prêmio Nobel da Paz 2005, junto com mais 999 mulheres. Militante comunista, ativista do movimento das mulheres, amante das letras, jornalista e advogada, Ana participou de diversos movimentos sociais.
Durante as seis décadas de militância, Ana Lima Carmo, seu nome verdadeiro, conheceu personalidades políticas importantes da esquerda mundial, como Fidel Castro, Che Guevara e Amílcar Cabral, dirigente do Partido da Independência de Guiné e Cabo Verde assassinado a mando de portugueses colonialistas. O sobrenome Montenegro surgiu da assinatura que passou a usar nos trabalhos jornalísticos realizados principalmente em meios de comunicações ligados ao PCB. Entre os anos de 1944 e 1947, pôde atuar diretamente com as palavras, quando trabalhou nos periódicos “O Momento” e “Seiva”, ambos editados em Salvador. Teve participação na criação do jornal “Momento Feminino”, editado em 1947 pelo movimento de mulheres comunistas e colaborou com jornais cariocas, como “Correio da Manhã” e “Imprensa Popular”.
Mesmo com o fim da antiga União Soviética, Ana não se abalou e manteve a convicção nos princípios do socialismo e do comunismo. Teve importante participação no Movimento Nacional em Defesa do PCB, lutando bravamente contra a tentativa de liquidação do Partido, no qual permaneceu como ativa militante até seu falecimento, em 2006.
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
http://anamontenegro.org/

A VOZ DA CAATINGA RECOMENDA  A LEITURA DO LIVRO.

Ser ou não ser feminista – Ana Montenegro

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Ana montenegro Ser Ou Não Ser Feminista

Este ensaio não tem pretensão de abordar ou de esgotar todos os aspectos – fatos e conceitos – que se referem a questão feminina e que a envolvem.
Nossa intenção, ao escrevê-lo, foi de trazer à discussão alguns desses aspectos que nos preocupam quanto às premissas, às reivindicações e às posições de grupos feministas existentes atualmente no Brasil. E nos preocupam porque dizem respeito quase que apenas a determinadas classes e camadas sociais, e não são prioritárias para as massas femininas em geral, as trabalhadoras, camponesas, donas de casa, empregadas etc., e portanto, incapazes de mobilizá-las. Não seria, pois, justo considerá-las globais.
[…]Sabemos que não é cômodo contestar fraternalmente certas correntes feministas, que têm todo o direito de organizar-se à base de opiniões pouco abrangentes, porque defendem os direitos que lhes tocam de perto, já que somente necessitam de rosas.
Porém, temos que considerar que existem milhões de outras mulheres que além de necessitarem de rosas, necessitam prioritariamente de terra, de pão, de trabalho, de assistência médica, de educação, de cultura, para se libertarem.
Prefácio, p. 9-10.

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