Paulo Oliveira*
Duas notícias ontem mostravam a essência do que é o governo de um partido que, um dia, pretendeu ser dos trabalhadores. Primeira notícia: o ministro titular do Ministério do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, do PDT, colocava seu cargo à disposição, visto que estava sendo acusado pelos seus aliados do PT de somente trazer notícias ruins. Exemplos: aumento do desemprego, aumento da inadimplência, aumento da inflação, tudo isto concentrado nas notícias sobre o povo trabalhador, povo que, teoricamente, deveria estar representado nesse ministério, que, afinal de contas, é do trabalho e do emprego.
Claramente, acerca desta notícia, parece que estamos falando de um ministério nas nuvens, e não de um ministério do governo Dilma, Dilma, esta mesma, que gosta de ser chamada de “presidenta”, Dilma, esta mesma, sagrada presidente com as bênçãos de Lula, Lula, este mesmo, fundador maior do PT.
Tudo isso seria cômico, se não fosse sério. Séria mesma é a notícia do final do dia. E aí chegamos ao assalto ao bolso dos trabalhadores, de forma direta, sem subterfúgios. Ontem, o Conselho Deliberativo do FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador-CODEFAT, transferiu o pagamento do abono salarial, a ser pago entre julho e outubro, para janeiro a março de 2016. Este valor, uma espécie de 14o. salário, é creditado na Caixa Econômica Federal para os trabalhadores que recebem até 2 salários mínimos, aproximadamente R$ 1.600,00 e que estejam empregados. Tal medida foi tomada sob orientação do Ministério da Fazenda, sendo previsto um aporte de aproximadamente 10 bilhões de reais, necessários para engordar as contas do abominável “ajuste fiscal”.
Para maiores esclarecimentos: o CODEFAT é um órgão tripartite, onde estão representados o governo federal, através de alguns ministérios como os do Trabalho e da Fazenda, por empresários, muitas vezes com membros das confederações patronais e pelos chamados representantes dos trabalhadores, por meio de suas centrais sindicais – leia-se CUT, CTB, Força Sindical, CGTB, NCST.
Esta é a verdadeira onda conservadora, que veio, a partir de 2003, para mudar tudo que está aí, para que tudo continuasse como sempre esteve.
*Paulo Oliveira é membro do Comitê Central do PCB
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